Valentina de Andrade, 72 anos, acusada de ser líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), que usaria castração de garotos em rituais satânicos foi absolvida por seis votos a um, após 17 dias de julgamento. A decisão revoltou os familiares das vítimas. Esse foi o julgamento mais longo da história paraense.
A decisão provocou revolta entre familiares e outras pessoas presentes ao julgamento. Enquanto eles gritavam "assassina", Valentina erguia os braços, comemorando a decisão, e deixava o local por uma saída alternativa. Na hora da sentença, a vidente desmaiou e recebeu cuidados médicos.
Seu advogado, Arnaldo Busato Filho, não teve a mesma sorte. Seu carro foi apedrejado logo após deixar o Tribunal de Justiça. Uma das manifestantes, Nilma Bentes, líder do movimento negro paraense, foi detida.
A decisão dos jurados foi lida pelo juiz Ronaldo Valle. Os jurados acataram a tese da defesa, a de que Valentina não poderia coordenar os crimes porque não se encontrava em Altamira no período em que eles ocorreram.
Há 17 dias os jurados acompanhavam os argumentos da defesa e da promotoria sobre a participação de Valentina nos cinco casos de castração de menores em Altamira (três mortes e duas mutilações), entre 1989 e 1993, que foram levados a julgamento.
Entre os presentes no julgamento estava um representante do Ministério da Justiça, Douglas Martins. Ele declarou que estava surpreso com a decisão, mas não viu nada que pudesse pôr em questão o comportamento dos jurados.
Os familiares, porém, ficaram revoltados e afirmaram que a decisão "questiona a sociedade". O assistente da promotoria Clodomir Araújo disse que vai recorrer da decisão.
Valentina de Andrade foi liberada assim que o juiz anunciou o resultado do julgamento. Ela estava presa desde 4 de setembro, quando deveria ter se apresentado ao presidente do Tribunal do Júri, de Belém. Na época, Valentina foi localizada, por policiais federais, tentando sair do país, no Aeroporto de Guarulhos-SP.
Valentina foi a quinta e última pessoa acusada de participar das castrações que foi a julgamento. Os condenados no caso de Altamira, localizada a 200 quilômetros de Belém, são os médicos Anísio Ferreira de Souza (condenado a 77 anos de prisão) e Césio Brandão (56), o policial militar Carlos Alberto dos Santos (35 anos de prisão) e o comerciante Amailton Madeira Gomes (57 anos de prisão). Todos se dizem inocentes e anunciaram que vão recorrer da decisão.
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