domingo, 6 de janeiro de 2013



Belém é a capital mais violenta, segundo estudo da USP.

E
ntre as principais capitais brasileiras, Belém foi a que apresentou o maior índice de violência em 2010 e, na soma dos últimos 15 anos, a capital paraense apresentou aumento de quase 240%, o maior entre os municípios pesquisados. A taxa de homicídio por agressão teve um aumento de 238% entre 1996 e 2010, segundo pesquisa divulgada semana passada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP).

Se em 1996 a taxa de mortes por agressão em Belém foi de 18,9 a cada cem mil habitantes, esse número disparou para 63,9 em 2010. A segunda cidade que teve maior aumento desse índice foi Fortaleza (CE), com 91%. Em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE), o índice apresentou queda de -76%, -60% e -19%, respectivamente. Essa violência não é traduzida apenas pelos números. A pesquisa mostra ainda que o sentimento de insegurança já toma conta do belenense: para 80,3% dos moradores, a violênciavem crescendo nos últimos anos.

Ao contrário de outras capitais brasileiras, em Belém cresceram vários tipos de vitimização. O maior aumento ocorreu nos relatos de roubos com uso de arma, que passou de 6% para 17,8% entre 1999 e 2010. A pesquisa considera o percentual de pessoas que afirmam ter sofrido algum tipo de violência nos últimos doze meses entre 2009 e 2010.

A pequisa, em 2010, foi aplicada em onze capitais, o que permitiu que se traçassem comparações com os dados de 1999. Foram realizadas 4.025 entrevistas domiciliares com pessoas com 16 anos de idade ou mais, em diversos bairros das capitais.

Em vários outros itens da pesquisa, Belém lidera com folga e teve um aumento vertiginoso nos últimos dez anos. Na apresentação de exposição indireta à violência, 63,1% dos entrevistados de Belém disseram que já ouviram falar de alguém conhecido ser assaltado nos últimos três meses. A média nacional é quase a metade disso: 33,7%. Da mesma forma, Belém possui os maiores percentuais da pesquisa quando perguntado se o cidadão soube de “alguém recebendo um tiro” (32% e média nacional em 16%), tiroteio (44%), ameaça com faca (42,3%) e uso de drogas na rua (60,9%).

Para se ter uma idéia, o item sobre assaltos estava em apenas 19% em 1999. Sobre vítima de arma de fogo, o índice estava em 10% e uso de drogas ficava em 42% há dez anos.

Com o aumento da violência, cresceu também o desejo da população em “fazer justiça com as próprias mãos”. Nesse item, a desaprovação da população para esse tipo de atitude estava acima dos 60% em 1999. Em 2010, caiu para 41%, um dos percentuais mais baixos do Brasil.

A aprovação do uso da violência para combater a violência entre a própria população também cresceu em Belém. A capital tem os maiores índices de aprovação nas seguintes situações: “Se uma pessoa amedronta seu bairro e alguém a mata” e “Se um grupo de pessoas do seu bairro começa a matar gente indesejada”. O primeiro índice ficou em 31,8% de aprovação, enquanto que a média nacional não passa de 17%. Já para a formação de milícias, o índice ficou em 28,1% em Belém e a média nacional é de 10,4%.

Há dez anos, a realidade era outra: apenas 10% das pessoas em Belém aprovavam a formação de grupos de extermínio e 20,2% apoiavam o assassinato de alguém que estivesse amedrontando o bairro.

Essa tolerância com mecanismos para que se faça algo na área da segurança acaba por estimular a criação de uma cultura da violência, segundoa cordenadora da pesquisa, Nancy Cardia. “A exposição à violência também afeta as atitudes, os valores e as crenças em relação às causas e ao uso da violência, aumentando a probabilidade de que esta seja encarada como uma reação razoável e apropriada para uma situação, como aceitável para corrigir um erro ou para se proteger a honra, estimulando uma cultura da violência”, diz.

Os hábitos dos moradores também mudam com a violência. Belém também lidera o percentual de pessoas que afirmam já terem alterado o trajeto da casa para o trabalho por conta da segurança. No total, 47% dos entrevistados afirmam que já fizeram ou fazem isso, enquanto que a média nacional ficou em 31%. Da mesma forma, 54,5% dos belenenses evitam circular por alguns bairros, enquanto que no Brasil esse índice ficou em 38%.

Por fim, a pesquisa revela ainda que a imagem da polícia não é das melhores em Belém. Para 16,75% dos entrevistados, a imagem da Polícia Militar é ruim, sendo o pior índice entre as capitais pesquisadas e a classificação “muito ruim” também está com os maiores índices. A mesma rejeição ocorre para a Polícia Civil e Guarda Municipal.

Ainda sobre o trabalho da polícia, 20,7% dos moradores de Belém apontam que a polícia nunca atende prontamente oschamados. E 28,6%, novamente o índice mais alto do País, que teve média de 11,4%, aponta que a polícia nunca consegue deixar as ruas do bairro mais tranquilas.
Magno polêmico
Fonte:-orm-liberal

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