Morre o pesquisador paraense Vicente Salles, aos 81 anos.
Intelectual paraense estava internado em um hospital do Rio de Janeiro.
O corpo de Vicente Salles será cremado, e as cinzas, despejadas no Pará.
Morreu na madrugada desta quinta-feira (07), em um hospital particular
da capital carioca, o pesquisador paraense Vicente Salles. Ele faleceu
aos 81 anos, de parada cardiorrespiratória. Salles estava internado
desde o último dia 27 de fevereiro e, de acordo com a família, estava
bastante debilitado por conta de uma anemia profunda e uma pequena
hemorragia.
A família informou ao G1 que o velório deve acontecer na sexta-feira
(08), quando parentes do estado do Pará devem chegar ao rio. A viúva,
Marena Salles, disse que o último pedido do marido foi de que o corpo
fosse cremado e as cinzas, lançadas sobre a Baía do Guajará.
Natural de Igarapé- Miri, no nordeste paraense, Vicente Salles deixa a esposa Marena Salles, de 74 anos, e três filhos adultos.
O pesquisador, historiador, folclorista e musicólogo é um dos mais
importantes intelectuais do século XX, da Amazônia e do Brasil, e com
mais de 80 anos continuava produzindo e colaborando com diversas áreas.
Entre os trabalhos mais importantes de Vicente Salles, estão os livros
"História do Teatro do Pará", "Vida do maestro Gama Malcher", "Negro do
Pará – sob o regime da escravidão" e "Santarém: uma oferenda musical".
Além de receber o título doutor Honoris Causa, que é o mais
alto dos graus universitários, normalmente concedido a personalidades
que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das Artes,
das Ciências, da Filosofia, das Letras ou do melhor entendimento entre
os povos, Salles também doou a parte de sua coleção pessoal e material
utilizado em pesquisas sobre negros, cultura, artes e folclore da
Amazônia ao Museu da UFPA.
O Acervo Vicente Salles reúne mais de quatro mil documentos e 70 mil
recortes de jornais sobre temas como música, folclore, negro, artes
cênicas e literatura, além de uma coleção de cartuns, fotografias de
época, cordéis, peças de teatro do repertório regional e nacional,
teses, folhetos e cartazes.
Para o historiador da Universidade Federal do Pará, Aldrin Figueiredo, a
morte de Vicente Salles representa o fim de uma era marcada por grandes
nomes da intelectualidade do século XX. "A perda do homem Vicente
Salles é irreparável. O que nos consola é o legado que ele deixa pra
história e pra cultura no nosso estado. Nomes como o dele e o de
Benedito Nunes, grandes intelectuais da primeira metade do século
passado, certamente nunca irão se perder na memória da humanidade",
comenta.
"A característica mais marcante da personalidade dele certamente era a
generosidade. Ele não se importava em partilhar o conhecimento, em
dedicar tempo a todos que dele precisavam, fosse um aluno da interior do
estado ou um intelectual celebrado. Prova disso é o próprio arquivo que
ele doou à universidade, expandindo as fronteiras e o acesso de sua
produção", relembra o historiador. MAGNOPOLÊMICO.
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