sábado, 18 de fevereiro de 2012


Edição do dia 16/02/2012
16/02/2012 21h26 - Atualizado em 16/02/2012 21h26

Caso Eloá: Último dia de julgamento é de debates entre promotoria e defesa

Promotora tratou de desconstruir versão de que Lindemberg é um bom rapaz e que não tinha intenção de fazer o que fez. A advogada dele tentou, a todo custo, desqualificar as acusações e disse que réu era bode expiatório.

O motoboy Lindemberg Alves foi condenado, nesta quinta-feira (16), pela morte da estudante e ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008. Neste último dia de julgamento, ocorreram os debates entre a promotora e a advogada de defesa. Quem conta é o repórter José Roberto Burnier.
Ele podia ter uma ideia, mas ainda não sabia qual seria seu destino. Perto das 9h, Lindemberg Alves chegou ao fórum para, finalmente, saber quem ia convencer os jurados: ele e sua advogada ou a promotora e os advogados de acusação.
A promotora Daniela Hashimoto abriu o debate. E tratou de desconstruir a versão de que Lindemberg é um bom rapaz e que não tinha intenção de fazer o que fez. "É esse rapazinho, bonzinho, coitadinho, arrependido, que veio aqui pedir perdão, ele fez um pedido sincero em frente à mídia, mas ele é uma pessoa que simula e é dissimuladora", argumentou.
A acusação lembrou o tempo que ele teve para se render, e disse que ele preferiu enganar os policiais. "Lindemberg finge ser um cidadãozinho, um coitadinho, um bobinho. Ele teve todas as garantias para se entregar e não o fez porque estava determinado a matar Eloá”, afirmou Hashimoto.
A promotora pediu a condenação dele por homicídio duplamente qualificado, duas tentativas de homicídio, cinco cárceres privados, e quatro disparos de arma de fogo. Houve muito bate-boca com a advogada de defesa, mas a acusação foi taxativa: "Eloá nada mais era do que um objeto para Lindemberg".
Logo em seguida, veio a defesa. A advogada de Lindemberg fez um discurso inflamado. Tentou, a todo custo, desqualificar as acusações e disse que Lindemberg era um bode expiatório: o único culpado em uma ação em que, segundo ela, houve também erros da polícia e de parte da imprensa.
"Não peço a absolvição dele. Ele tem que pagar por erros, mas na medida justa, não como bode expiatório. Tem que pagar apenas pelo que fez", argumentou Ana Lúcia Assad.
Em vários momentos, a advogada Ana Lúcia Assad apelou para o lado emotivo: "Lindemberg não tinha antecedentes criminais, era genioso, impetuoso, mas é de bem, trabalhador, tinha dois empregos, sustentava a casa. Enxerguem ele com o coração. Não é bandido ou marginal. Ele tomou decisões erradas e tem que pagar por isso".
A defesa disse que Eloá era o grande amor de Lindemberg. E, no final, pediu que ele fosse condenado apenas por homicídio culposo, em que não se tem intenção de matar, e cárcere privado apenas de Eloá. "Lindemberg tem que pagar por decisões erradas. Ele está disposto a pagar, mas pelo que ele efetivamente fez", defendeu a advogada.
A promotora podia falar por mais uma hora, na réplica. Mas ela abriu mão desse direito. Com isso, a defesa não pôde mais se pronunciar. O debate foi encerrado. Os jurados se reuniram então com a juíza e decidiram condenar Lindemberg Alves.

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