quinta-feira, 7 de março de 2013

Morre o pesquisador paraense Vicente Salles, aos 81 anos.

Intelectual paraense estava internado em um hospital do Rio de Janeiro.
O corpo de Vicente Salles será cremado, e as cinzas, despejadas no Pará.

    Morreu na madrugada desta quinta-feira (07), em um hospital particular da capital carioca, o pesquisador paraense Vicente Salles. Ele faleceu aos 81 anos, de parada cardiorrespiratória. Salles estava internado desde o último dia 27 de fevereiro e, de acordo com a família, estava bastante debilitado por conta de uma anemia profunda e uma pequena hemorragia.

     A família informou ao G1 que o velório deve acontecer na sexta-feira (08), quando parentes do estado do Pará devem chegar ao rio. A viúva, Marena Salles, disse que o último pedido do marido foi de que o corpo fosse cremado e as cinzas, lançadas sobre a Baía do Guajará.

   Natural de Igarapé- Miri, no nordeste paraense, Vicente Salles deixa a esposa Marena Salles, de 74 anos, e três filhos adultos.

O pesquisador, historiador, folclorista e musicólogo é um dos mais importantes intelectuais do século XX, da Amazônia e do Brasil, e com mais de 80 anos continuava produzindo e colaborando com diversas áreas. Entre os trabalhos mais importantes de Vicente Salles, estão os livros "História do Teatro do Pará", "Vida do maestro Gama Malcher", "Negro do Pará – sob o regime da escravidão" e "Santarém: uma oferenda musical".

    Além de receber o título doutor Honoris Causa, que é o mais alto dos graus universitários, normalmente concedido a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das Artes, das Ciências, da Filosofia, das Letras ou do melhor entendimento entre os povos,  Salles também doou a parte de sua coleção pessoal e material utilizado em pesquisas sobre negros, cultura, artes e folclore da Amazônia ao Museu da UFPA.

    O Acervo Vicente Salles reúne mais de quatro mil documentos e 70 mil recortes de jornais sobre temas como música, folclore, negro, artes cênicas e literatura, além de uma coleção de cartuns, fotografias de época, cordéis, peças de teatro do repertório regional e nacional, teses, folhetos e cartazes.

      Para o historiador da Universidade Federal do Pará, Aldrin Figueiredo, a morte de Vicente Salles representa o fim de uma era marcada por grandes nomes da intelectualidade do século XX. "A perda do homem Vicente Salles é irreparável. O que nos consola é o legado que ele deixa pra história e pra cultura no nosso estado. Nomes como o dele e o de Benedito Nunes, grandes intelectuais da primeira metade do século passado, certamente nunca irão se perder na memória da humanidade", comenta.
"A característica mais marcante da personalidade dele certamente era a generosidade. Ele não se importava em partilhar o conhecimento, em dedicar tempo a todos que dele precisavam, fosse um aluno da interior do estado ou um intelectual celebrado. Prova disso é o próprio arquivo que ele doou à universidade, expandindo as fronteiras e o acesso de sua produção", relembra o historiador. MAGNOPOLÊMICO.

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